Observar. É o que faço ao longo desses vinte e poucos anos de minha vida. Muitas vezes só conseguiremos entender grandes idéias se simplesmente pararmos e olharmos as partes pequenas das quais elas são constituidas.
Lembro que, na infância, quando visitava meu pai durante as férias, gostava de me sentar às margens de um rio em cima de uns sacos de areia. Eles fizeram uma espécie de ilha com vários desses sacos e havia um tronco de árvore que servia como ponte que ligava a margem do rio até os sacos, então eu conseguia ter acesso a água sem causar muita agitação. Às vezes me sentava ali por horas, observando os peixinhos nadarem tranquilos ao redor dos montes de areia. Eu observava como eles interagiam entre si e interagiam comigo, porque às vezes eu não resistia e tentava pegar alguns com as mãos.
O tempo que passei sentado sobre aqueles sacos de areia me ensinaram que a calma e a serenidade têm um pontencial incrível de revelar mundos jamais antes vistos. Se eu não tivesse parado por um tempo para observar o mundo a minha volta, eu teria apenas dado uma olhada naquele rio lamacento, sem conseguir enxergar o tesouro que ele abrigava por baixo.
Isso me faz pensar no quanto as pessoas correm - contra o tempo, contra a maré. Buscam tranquilidade e motivos pra se evadirem de preocupações e problemas, e com isso ganhar tempo. A verdade é que nunca nos falta tempo para nada. Não temos o controle do tempo, e sim ele sobre nós. A paz e a inocência encontram-se muito além do mundo das aparências, dentro de cada um de nós.
Isso não significa que não devemos agir. Nosso mundo é agitado e exigente. Precisamos nos manter em movimento para a nossa própria sobrevivência e às vezes decisões ousadas e imediatas precisam ser tomadas. A humanidade é egoísta e a Mãe Natureza é indiferente, o que faz da observação algo ainda mais difícil. Penso que assim como eu não resistia e lançava minhas mãos na água na tentativa de apanhar algum peixe, nós como humanos precisamos nos lançar - novas descobertas, novas mudanças e novas realizações. No entanto, se eu tivesse deixado de observar eu jamais teria visto os peixinhos que eu estava tentando capturar. Se certo ou errado, o ato de pegar peixinhos somente foi possível com observação calma e cuidadosa. Isso me faz acreditar que se nós parássemos um pouco mais para observar as situações que nos cercam, seríamos presenteados com mais, e possivelmente com melhores soluções.
Como seres humanos, temos pouco tempo em nossas vidas, contudo, na verdade, temos todo o tempo que poderíamos precisar. Não seja apenas um ser programado para andar, trabalhar, correr, dormir. Pare um pouco e olhe mais profundamente para dentro do mundo que o abriga. Você poderá se surpreender com o que se esconde logo atrás do que se vê.