sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Travessia



Vou remando, remando, remando
Cansado
Vencido
Sofrido

Passo as mãos em minha face
Molhada
Inundada
Encharcada

Por lágrimas ferozes, impiedosas
Que brotam
Transbordam
Sufocam

Minha alma que lentamente
Se desencanta 
Se entrega
Mas continua remando, remando, remando.

  

domingo, 13 de novembro de 2011

Confabulações de uma madrugada.



Confesso que meus sentimentos mais profundos estão expostos em um caderno velho sem capa. Lá eles repousam e envelhecem, sem pagar aluguel. Poderiam estar morando em um livro, ou em alguma carta sem destinatário. Mas são sentimentos simples e humildes, e um caderno velho sem capa é suficientemente confortável para eles. E ficam, assim, ao alcance de quem os precisa.

Eu também guardo sentimentos alheios. Jogo todos, de forma desorganizada, em uma caixa de papelão. São sentimentos ricos, alguns. Mas isso é o que eu tenho a oferecer. Uma caixa de papelão. Ela não é nova, nem velha. Nem bonita, nem feia. É espaçosa. E isso basta. É como se fosse uma caixa de pronto-socorros, que vez ou outra cura as minhas feridas. Esparadrapos feitos de bilhetinhos de amigos; gazes feitas de cartões de aniversário; band-aids feitos de cartas de amor. E assim eu não passo aperto. Os sentimentos devem ser guardados e cultivados, de uma ou outra forma.
Em um caderno velho sem capa ou em uma caixa de papelão. Porque sentimentos apenas sentidos morrem com o tempo. Mas sentimentos sentidos e guardados vivem eternamente.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Você É Fonte



Um dia você se dará conta de que sabe e é tanto de si, como pessoa, ser humano e animal, que paira em você uma certeza, uma legitimidade, uma integridade de SER, e esta legitimidade lhe transborda, em seus gestos e palavras, e aos olhos das pessoas a sua volta.

De repente você se vê cercado de gente que te lê, gente que vem beber as suas palavras, e não achando pouco, a seu dado tempo você vê e ouve os seus próprios discursos e retóricas por toda parte, na boca de outros.

E um mundo de fantoches de você por aí, que o vêem como o seu espelho; logo você, que se acha tão pequeno, um quase contraponto no universo.

Gente que vem tentar sugar sua legitimidade, seu absoluto –  de ser quem você é, como se isso fosse de fato parte da vida deles. Mas isso não dura, porque é teatro. Mesmo com toda a força que queiram que as suas palavras sejam o reflexo das almas deles e dos desejos deles, nunca o serão. 

Você é fonte.

Não são eles que com palavras irão lhe construir. A construção do que você é, falando em integridade, não se dará aqui nas atitudes deles e nem em suas verborragias.

Tudo o que você é hoje, você não foi um dia, e a teoria não foi o bastante, você foi ARDER e se deixar ser lapidado, moldado. 

Então faria bem em preocupar-se menos com a inveja alheia e mais com o seu futuro. Que seu sucesso seja o castigo dos que o odeiam. Que sua vitória, por si só, seja humilhante para eles.