terça-feira, 16 de agosto de 2011

O Outro

 

Estamos numa encruzilhada e são três as nossas opções: (01) nos tornamos amantes, (02) damos adeus um ao outro ou (03) comodamente deixamos tudo nas mãos do destino.

Eu trago na bagagem tudo o que poderia ter sido e não poderá ser. Carrego comigo o arquivo morto dos planos desfeitos. Coloco-me frente a frente com o destino só para não perder a oportunidade de jogar na cara dele e dizer:

– Você mentiu, não havia nada reservado para nós.

A opção número 01 é indigesta. Tem o gosto doce do momento passageiro e o sabor amargo dos dias seguintes que nunca parecem ter fim, o gosto amargo da espera, a acidez da frustração e é tão insossa quanto a falta de coragem dos covardes.

Optar pelo 01 é assumir o papel de número 02 na vida de alguém. É ser o Second Best. É estar na retaguarda. É ser um reserva no banco sentimental e ser a estrela apenas mediante a ausência do titular.

Ser a segunda opção é transformar-se numa massinha de modelar de jardim de infância. Em nome de um sentimento obsessivo você tem que estar disposto a abrir mão dos seus próprios valores e predispor-se ao que der e vier. 

Você se deixa moldar, não pode cobrar, não tem dias e nem horários fixos e não pode demonstrar seu mau-humor. Não importa o que aconteça você sempre dará um jeito de se encaixar na agenda dele porque ele é quem tem o controle sobre você e deixa claro que você não pode ocupar o espaço destinado àquele que já é a prioridade.

Ser a segunda opção implica em ter que conviver insistentemente com os flashes importunos que passam pela sua cabeça ao lembrar que, enquanto você se faz de sombra, ele constrói sua vida sob os holofotes ao lado de outra pessoa.

Você tem que assumir a imutabilidade dessa conveniência de mão única ao mesmo tempo em que lá no fundo você tenha uma vaga esperança de que um dia essa circunstância possa mudar. Mas não vai mudar.

Ser a segunda opção é consolar-se com o pouco quando na verdade se quer o todo. É jogar a toalha, desistir da luta e contentar-se com o prêmio de melhor fair play.

Não é para mim.

Assim como nos jogos e competições, também na vida aprendi que nunca se ganha um prêmio de segundo lugar, apenas se perde o primeiro. E se é para competir, que seja pela vitória.

14 comentários:

  1. Intenso,forte e carregado de personalidade.O pior é que a melancolia empregada nele é um fato ,é verdadeira e real.A ânsia do 1°tão real quanto.
    muito bom o texto e o blog.é honesto!

    http://algopoetico.blogspot.com/

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  2. Eu gosto muito dos blogs pessoais por causa de blogs como este, cheio de verdade e sinceridade.A duvida é um mal que nos consome.É preciso decidir o que somos, para escolhermos o que queremos para nós.

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  3. Muito bom, cheio de emoção intenso e com desejos ocultos, vc expos uma situação bem complicada, gostei do estilo apesar de eu não gostar de ler e as vezes as mentiras são boas

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  4. Não se consciente ou inconscientemente esse texto me soa, em suas camadas mais profundas, Dawinista!

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  5. por isso...sempre aprendemos...a vencer,,,a vida nos mostra isso...a cada dia,...

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  6. A sua escrita faz o leitor tentar penetrar fundo no universo criado pela sua obscuridade, sem dúvida é um estilo muito interessante, e ótimo para quem se indentifica com sua personalidade.

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  7. Acho importante ter este discernimento duvidoso pessoal... Bem intenso... Gostei!

    :D

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  8. Seja lá por qual foi esse seu desabafo. Vá em frente e conquiste o primeiro lugar.

    _______________________________________
    http://www.alteregodonuti.blogspot.com/

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  9. Nossa.. adorei como você fugiu do óbvio na hora de optar pelo expressar... Gostei do tom pessoal e criativo.. Muito bom!

    ;D

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  10. Bonjour!

    Olá menino, querido.
    É a primeira vez que visito teu blog.
    Me identifiquei muito com a forma que você escreve. Transmite aconchego. Os leitores, gostam de se sentir "em casa", quando leem. E você consegue trazer esse conforto. Gostei muito de cá.

    Beijos e queijos!

    Graciosamente;
    Lira

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  11. competir pela vitória? não concordo com isso...

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  12. Realmente, nesse caso, Fernando, o pouco é nada. É fazer-se nada. Em outros casos, um nadinha que seja já compensa; em amor, os nadinhas de amantes acabam não acrescentando o bastante e até tirando pedaços de nós. É pouquíssimo para uma vida. Beijos e sucesso!

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  13. Perfeitamente completo de realidade e sentimentalismo... Muito bom!
    Ah, antes que eu me esqueça, Jaka, aí de cima :não existe caminho pra felicidade, a felicidade é o caminho.
    Meu ultimo post fala exatamente sobre isso. http://www.tamires-castro.blogspot.com

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