sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Ele mora sozinho.
Não tem amigos.
Tem dinheiro, sacos e mais sacos do mesmo.
Sabe que sempre estará sozinho.
Sabe que vai morrer sozinho.

Ele sempre soube que seria assim.
Nunca sentiu pena de si mesmo.
Não há sequer uma alma no mundo que pensaria duas vezes nele, se morresse.
Nenhuma lágrima seria derramada.

Não há ninguém que se preocupe com ele.
E ele não se recorda de jamais ter havido alguém que se preocupasse.

Ele sempre rejeitou tais pensamentos antes;
O que será que os estão trazendo à mente agora?
Será que surgiu uma espécie de arrependimento diante de sua morte iminente?

Ele nunca se apaixonou.
E, até onde ele sabe, nunca foi amado por ninguém.
Aqui e ali, ele conheceu algumas pessoas.
Algumas mais belas, desejo carnal;
Mas amor, não.
Nunca se envolveu mais do que isso.

Ele é um recluso.
No buraco negro que é sua mente,
Houve sempre uma vaga idéia de que um dia,
Ele iria encontrar a quem esteve sempre procurando.
Provavelmente iria sossegar e ter um casal de filhos.
Mas, novamente, sabia que da loucura que é manter tais idéias na cabeça.
Porque ele está destinado a ficar sozinho.
Até o fim.


3 comentários:

  1. O típico ranzinza que se arrepende no fim da vida. Bom texto.
    Abç

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  2. Respostas
    1. Talvez ele quisesse esta vida desde o começo, por medo de se envolver com alguém. O medo de se envolver com alguém era maior que o de ficar sozinho.

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